Carnaval...Ontem e Hoje...

Meu Primeiro Carnaval

 

Recordo o meu primeiro Carnaval no ano de 1959, lembro-me que foi um ano antes de entrar para a escola primária.

Nessa época, os frequentadores da taberna de meus pais, juntavam-se ao cair da noite depois de jantar e faziam música com tudo o que pudessem e que desse para fazer som, alguns deles até bastante interessantes. Mas aos que faziam “percussão” com tachos, mesas, garrafas etc., juntava-se-lhes um banjo, que tocado de ouvido já dava outra sonoridade a “esses bailes”.

Esta animação tinha início em Janeiro, ao qual se juntavam os “ensaiados” que percorriam as ruas da Nazaré e de taberna em taberna completamente cobertos para não serem conhecidos.

Recordo que a 15 de Janeiro desse ano um grupo de frequentadores (fregueses), foram até a uma festa e levaram-me com eles. Eu vestido de ceroulas, camisa à pescador com a respectiva cinta e barrete e tamancos (que pesavam que se fartavam) e eles na sua maioria com um traje diferente como de agricultores se tratassem, (palecos). Fomos na camioneta até Alfeizerão e a animação era grande, pois encontramos muitos nazarenos, fazendo a festa nesta localidade aqui perto da Nazaré, comemorando o Santo Amaro. O que mais recordo deste dia foi de me terem posto ao pescoço um “colar”, que era quase maior que eu, e disseram-me que era muito bom para comer, esse “colar” chamavam-lhe de “passarolas”. O dia foi passado entre barracas de comer e beber e com muita animação. Regressamos à taberna de meus pais e aí continuou o “baile”.

 

Tenho ainda como lembrança desse mesmo ano (1959), o ter-me levantado muito cedo na madrugada de sábado para domingo de Carnaval, para voltar a vestir o meu fato à pescador e fazer parte do Rancho Infernal, ia na frente segurando uma cana que segurava na ponta um pano que identificava a taberna de meus pais (tenho tentado recordar quem era a menina que levava a outra cana que segurava esse pano, mas em vão). Este grupo era bastante animado e já fazia parte dele um músico a sério que tocava saxofone e que vinha do Valado dos Frades para animar este grupo de homens, mulheres e crianças no Domingo Gordo, esse senhor agora bem conhecido era o senhor João o “Russo do Valado”.

 

Esta é a recordação mais longínqua que tenho dos meus Carnavais, já lá vão muitos anos.

Claro que ainda me lembro de o meu pai ter ido à Cela Nova comprar os instrumentos que pertenceram à Banda Filarmónica desta localidade, para que os “fregueses” da taberna pudessem fazer os seus bailes durante esta época de Carnaval.

Tenho ainda na memória que no dia 15 de Fevereiro de 1963, estavam alguns desses “fregueses” a preparam a mesa que iria servir de palco aos “músicos”, quando se ouviu um estrondo enorme.

Assustados, saíram todos a correr para se inteirarem qual a origem de tal barulho, não tardou muito tempo para sabermos que tinha havido um acidente com o Elevador.

O cabo tinha-se partido e o carro de cima veio esmagar-se no outro que se encontrava na gare da praia.

Foi uma correria lá para o Norte porque se pensava que ninguém tinha escapado com vida, a tamanha tragédia, mas felizmente só foi contabilizado um morto e porque na ânsia de se salvar, saltou do carro que vinha desgovernado e foi atingido pelo cabo que tinha rebentado e dado origem ao único acidente com o Ex-líbris da Nazaré.

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